Depois de estarmos tão bem cotados nos mercados, até na vela poderemos vir a ter problemas.
Fonte: SOL
Turismo de Portugal e Turismo de Lisboa não se entendem sobre quem tem que pagar 1 milhão de euros de direitos de organização a empresa inglesa.
O Ministério da Economia está a negociar com a empresa inglesa que organiza a prova náutica Volvo Ocean Race (VOR) um novo prazo para a Câmara e a Associação de Turismo de Lisboa pagarem a última tranche dos direitos de organização. António Costa, presidente da autarquia e da ATL está com dificuldades para pagar este mês o milhão de euros a que se obrigou.
O Turismo de Portugal (TP), entretanto, já pagou cerca de três milhões de euros dos chamados hosting rights fee. «O TP vem cumprindo escrupulosamente com todas as suas responsabilidades no âmbito do contrato assinado, tendo até esta data libertado 2,9 milhões de euros», assegurou fonte oficial.
Caso as negociações lideradas pelo Governo não cheguem a bom porto, a passagem por Lisboa da VOR, entre os dias 31 de Maio e 10 de Junho, pode ser anulada.
O SOL está a tentar obter esclarecimentos do edil António Costa, que lidera igualmente a ATL, desde o final do ano passado, mas nunca obteve qualquer resposta. Fonte oficial da ATL contactou hoje o nosso jornal para disponibilizar o contrato estabelecido entre o TP, a ATL, a João Lagos Sport e a Volvo Event Management, garantindo, com base no mesmo, que o «Turismo de Lisboa não se comprometeu a pagar qualquer quantia para a VOR, conforme se pode ler no contrato.
O compromisso assumido foi o de garantir, mediante contrapartidas, à organização internacional a realização do evento em caso de incumprimento por parte da João Lagos Sport. A ATL não foi chamada a fazer ou participar no depósito de garantia de 100 mil euros previsto na cláusula 5ª do contrato, que foi assegurado pela João Lagos Sport.
O Turismo de Lisboa não tem conhecimento, directo ou indirecto, de qualquer incumprimento por parte da JLS, nem foi contactado pela organização internacional, sendo certo que faltam apenas 4 meses para o evento, pelo que presume que a organização está a decorrer dentro da normalidade».
De facto, no contrato assinado em Março de 2010 podemos constatar que o TP assumiu a responsabilidade de pagar os quatro milhões de euros respeitantes aos hosting rights fee.
Contudo, segundo o que fonte oficial do TP explicou hoje ao SOL, esta instituição tutelada pelo Ministério da Economia só assumiu essa responsabilidade depois de «ter acordado com a ATL», tutelada pela Câmara de Lisboa, «que esta compensaria o TP em milhão de euros pelo seu esforço no financiamento da VOR». Valor esse que ainda não foi pago pela ATL e que faz com que, na prática, «as responsabilidades do TP nesse financiamento sejam de três milhões de euros», enfatizou a mesma fonte oficial.
Segundo o contrato assinado com a Volvo Event Management, a última tranche do fee, no valor de 1,1 milhões de euros, terá que ser paga até ao próximo dia 1 de Março.
Ao SOL fonte oficial da Volvo Event Management recusou comentar as negociações com o Ministério da Economia: «Não temos conhecimento de qualquer incerteza quanto à escala em Lisboa», afirmou a porta-voz, Lizzie Ward.
Outra dificuldade de última hora que pode prejudicar o principal evento desportivo internacional do ano em Portugal, prende-se com o atraso nas obras de requalificação da Doca de Pedrouços – escolhida pela Volvo Event Managment e pela João Lagos Sport como a base da prova. Tal como o SOL noticiou na última edição, a Administração do Porto de Lisboa (APL) decidiu adiar a realização de parte das obras.
A APL sugeriu à João Lagos Sport a transferência da base da organização para a Doca de Alcântara. Tal mudança, garantiu fonte oficial, não teria custos, já que Alcântara não precisa de obras.
João Lagos contesta essa visão e defende Pedrouços como a melhor solução: «A mudança seria eventualmente tão onerosa como aquilo que resta fazer na Doca de Pedrouços – para onde a VOR está a ser delineada desde 2010». Lagos alerta ainda que a mudança da base da organização, a cinco meses da realização da etapa, pode afectar a credibilidade da organização portuguesa e impedir a repetição da VOR em Portugal.
Hoje o SOL foi contactado por fonte oficial da APL que assegurou a permanência da base da organização na Doca de Pedrouços.
PPP desequilibrada
A introdução de Lisboa no calendário da VOR, prova que consiste numa volta ao mundo em vela disputada com um intervalo de quatro anos, foi anunciada em Março de 2010 por António Costa e João Lagos, como sendo o resultado de uma bem sucedida parceria público-privada.
O investimento então anunciado pelo autarca foi de 10 milhões de euros, tendo sido garantido que a divisão dos custos seria feita de forma equitativa entre os parceiros públicos e a João Lagos Sport.
Contudo, tal não aconteceu. Só os direitos de organização, avaliados em quatro milhões de euros, serão integralmente pagos pelo Turismo de Portugal e pelo Turismo de Lisboa. As obras necessárias na Doca de Pedrouços, avaliadas em 4,6 milhões de euros, «foram asseguradas pela Câmara junto da APL», segundo João Lagos, mas são totalmente financiadas pelo Porto de Lisboa. Ou seja, o investimento público representa 77% do custo total.
À empresa de João Lagos caberá suportar «todas as despesas relacionadas com a logística da prova, num investimento que ascende a 2,5 milhões de euros, mas», acrescenta Lagos, «terá também o apoio das autarquias de Lisboa e de Oeiras na promoção do evento, nos conteúdos e na logística».
O empresário enfatiza que o investimento público de 8,6 milhões de euros tem um retorno garantido: «A VOR terá um impacto directo na economia nacional na ordem dos 60 milhões de euros».
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